Ao abrir o pacote, a surpresa. |
Quando naquela noite cortei toda a fita e abri o pacote, tive a segunda surpresa. Ao invés de um presente recebi dois! Mais tarde o Renan confessou que fez segredo porque queria que um deles fosse de aniversário(passado poucos dias antes). Fiquei muito feliz pelos dois.
O parang, a draw knife(faca de tanoeiro) e suas bainhas. |
Sobre parangs
Este é um modelo de facão tradicionalmente encontrado na Malásia e algumas regiões da Indonésia, mas graças à divulgação feita por pessoas como o britânico Ray Mears(de quem aprecio muito os videos e livros) eles são vistos cada vez mais em outras partes do mundo.
Com formas e tamanhos variando em função da região onde são fabricados, os parangs são as ferramentas essenciais de quem vive e circula pelas florestas da Malásia, a exemplo dos facões em geral em todas as selvas ao longo da linha do Equador. E da mesma maneira, variam muito em qualidade e preço.
Descrição
O Renan fabrica uma versão menor e de formato bem marcante, com lâmina fulltang de 10 polegadas de comprimento e 3 milímetros de espessura. Este é um diferencial interessante, pois os parangs originais tem apenas uma fina parte encaixada nos cabos de madeira ou plástico, e costumam soltar depois de muito tempo de uso, algo potencialmente perigoso.
O perfil agressivo do parang empunhado. |
O acabamento é em estilo rústico, também conhecido como brut de forge, onde as marcas da forja não são removidas na etapa de lixamento. Eu considero este estilo muito interessante, característico de lâminas feitas para encarar trabalho pesado. O fio veio bastante bom, e nem mexi nele por uns 3 dias.
A empunhadura deslocada à frente é comum na Malásia, usada para cortes precisos. |
As talas em madeira Grapiara são fixadas por meio de 3 pinos de latão e cola epoxi, uma combinação consagrada.
A bainha é feita em couro, seguindo um modelo comum em parangs de maior qualidade. A parte do dorso da lâmina é aberta, tendo uma tampa que se prende a um pino de latão. Duas grandes vantagens deste desenho são a argola de latão onde a bainha se prende ao passador e ele próprio. A bainha se movimenta livremente, possibilitando que a pessoa ande e se sente sem interferência da faca, e o passador tem dois ilhoses que permitem a entrada sem abrir o cinto. Outro detalhe é que o passador pode ser usado normalmente nas fitas padrão molle de modernas mochilas.
Detalhe da abertura da bainha. |
Argola versátil permite livre movimentação da bainha. |
O fecho encaixado na mochila com padrão molle. |
Primeiras impressões
Ao pegar o parang logo entendi porque o Ray Mears gosta tanto dele. Ao contrário do nosso facão estilo latino, nele o peso apesar de concentrado na ponta fica mais perto da mão, assim cortar e principalmente parar o corte não exige tanto do pulso e cansa menos.
Senti que o cabo poderia ser um pouco mais longo para ficar perfeito em minhas mãos, do tamanho que está não tenho como variar muito a pegada, o que não chega a ser um problema pois ele é bem confortável. Segundo o Renan, este parang seria originalmente feito para uso próprio, e suas mãos são menores que as minhas. Este é um detalhe importante na fabricação de facas custom.
O cabo sem folga para minhas mãos. |
Pegada de capivara na beira da rua. |
Picotando um galho e testando cortes precisos. |
Descascando e avaliando o corte. |
Depois disto já cortamos e descascamos cana e uma série de outros galhos, repetindo o sucesso dos primeiros testes e não perco uma oportunidade de levar o parang para a rua.
O parang pronto para me acompanhar em qualquer trilha. |
Conclusão
O parang tem desempenho tão bom quanto facões bem maiores e eu não exitaria em depender dele em qualquer situação. Seu tamanho reduzido o torna perfeito para ser levado sempre pois cabe até dentro da mochila.
Consideração final: Em geral as pessoas tendem a pensar que quanto maior o facão melhor, mas isto nem sempre é verdade. No deslocamento pelas trilhas quando há alguma obstrução(árvores caídas, cipós) muitas vezes podemos desviar e o ideal é cortar apenas o suficiente para liberar o caminho. Quanto mais experiência temos menos uso do facão fazemos nestes casos, poupando esforço desnecessário. Apenas os mais afoitos costumam cortar tudo que encontram pela frente, praticando verdadeiras podas nas trilhas. Além disso, em locais onde a vegetação é muito fechada trabalhar com facões longos pode ser uma tarefa penosa pois eles se prendem em tudo. Lâminas menores como este parang dão conta deste serviço e de qualquer limpeza de área de acampamento.
Agradeço pelos presentes, gostei muito e com certeza serão bastante vistos por aqui.
Se você se interessou por este parang, acesse o site da Ferraria Távora e converse com o Renan, ele é atencioso e tem preços muito justos.
Te vejo na trilha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário